terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Biografia II

          Premeditadamente deixei de postar nas últimas semanas: as férias chamam a todos. Darei continuidade a exposição sobre a vida de Hannah Arendt e no Estudo Comentado quero começar a explorar o texto A Imagem dos Inferno do ano 1946.

I – Biografia II

          O casamento de Marta Arendt com um viúvo, em 1920, traz mudanças para a vida de Hannah Arendt. Ela ganha duas irmãs: Clara e Eva. Clara se aproxima de Hannah emprestando-lhe livros e também, provavelmente, apresentando seu primeiro amor: Ernst Grumach que é alguns anos mais velho que Hannah. Relacionamento que não dura muito, mas o suficiente para fazer deste um amigo. Um poema escrito por Hannah (Nos Passos de Hannah Arendt, Laure Adler), descreve seus sentimentos após a separação:

Se de novo nos virmos
Brancos lilases irão florescer;
Te envolverei de mimos,
De nada mais deves carecer.

Queremos o tom da alegria,
Que o vinho seco,
Que as tílias perfumadas,
Nos encontrem ainda juntos.

Quando as folhas caírem
Deixa nossos caminhos porém se apartarem.
Que adianta nossas fúrias se elevarem?
É preciso simplesmente sofrer a separação.


          Sim, poetiza também. Hannah sofre influência da poesia que para ela e também para muitos outros jovens estudantes alemães na década de vinte significa um firmamento e construção do eu. Lembremos que a Alemanha, bem como quase toda a Europa, está ainda sofrendo as consequências da Primeira Guerra Mundial. A morte, a destruição e a incerteza de um mundo duradouro impregnam a jovem Hannah. Adolescente que se descobrirá uma mulher e uma precoce intelectual, Hannah, se entregará nos braços de seu professor, confidente e amante: Martin Heidegger.

II – Estudo Comentado

         Elaborado para ser um crítica ao chamado Livro Negro, que foi escrito como uma reflexão sobre os crimes nazistas cometidos contra o povo judeu, o artigo A Imagem do Inferno vai além do proposto e nos revela muitas facetas dos problemas que incomodavam desde muito Arendt: o problema da própria compreensão da natureza dos crimes e do estado totalitário; a questão da culpabilidade; a diferença entre crimes de estado, guerra e contra a humanidade; a questão da técnica e da ciência quando utilizadas com fins políticos; da ideologia e do terror; do poder.
      
      Na outra semana convido a todos a lerem o artigo A Imagem do Inferno (ARENDT, Hannah. Compreensão e Política e Outros Ensaios. Editora: Relógio D'Água, Lisboa: 2001) e gostaria de discutir as questões que nele aparecem.