segunda-feira, 26 de abril de 2010

Biografia V

             Acabei de ler dois artigos de Gérard Lebrun em sua coletânea de textos intitulada: Passeios ao Léu (Editora Brasiliense: 1983) que são fenomenais! Leitura clara, agradável e com conteúdo saindo pelas bordas! Os artigos: A Liberdade Segundo Hannah Arendt e Hannah Arendt: Um Testamento Socrático perscrutam o pensamento da autora e bem como os seus conceitos de maneira brilhante. Fica a indicação dessa leitura. Ainda continuo a ler Jaspers e Husserl, esse último, por sinal, parece que irá me consumir!

I – Biografia V

            Günther Stern, aluno de Heidegger, é um jovem notável e irá influenciar Hannah intelectualmente. Ela, por toda sua vida, não irá reconhecer isso. Não mencionará seu primeiro marido. Ele, por sua vez, terá orgulho dela e vai amá-la por toda a vida. Em 26 de novembro de 1928, em Heidelberg, acontece a defesa da tese de Hannah: O conceito de amor em Santo Agostinho. Tese que Jaspers, em seu relatório, critica abundantemente, mas que reconhece a interpretação por vezes ousada e original. Hannah, que não é dada a críticas, quer publicar a obra, mas Jaspers consegue persuadi-la.

           Günther participou de uma associação paramilitar e conheceu desde cedo os horrores da guerra e do anti-semitismo. Participa, em Berlim, de um movimento sionista. Hannah e Günther instam-se em Berlim. Todos acham que ela está apaixonada por ele, mas ela escreve para Heidegger lembrando que ela de alguma forma o ama, dizendo que ele não esqueça o quão profundo e importe ele foi para a vida dela. Heidegger ainda não sabe com quem Hannah está a namorar.

           Hannah sente-se como uma judia alemã. Ela e Günther participam da vida estudantil agitada de Berlim: cafés em que se planejava um novo mundo. Esse período será lembrado com entusiasmo por ela. Nessa época ela reescreve sua tese e também pesquisa sobre Rahel Varnhagen, judia do século IX, que se transformará em um livro mais tarde. Livro este que podemos considerar como a busca do significado de ser judeu para Hannah.

                Em 1929 Hannah e Günther se casam, em uma cerimônia bem simples, com a presença de sua mãe e dos pais dele. Neste mesmo ano a ascensão dos nazistas se torna real e as propagandas anti-semitas se multiplicam: “Em Mein Kampf, Hitler coloca a educação física como prioridade de seus valores, e prega o endurecimento como meio de constuir o exército como 'corpo do povo'. As bandeiras nas ruas, as vitrines do comércio com a fotografia do Führer, o braço estendido fazendo a saudação nazista, os homens que moldam o bigode como Hitler, as vociferações na rádio, tudo isso já invadiu o espaço público, preparando o povo a achar normal o que já não é mais. A própria língua alemã é envenenada do interior” (ADLER, Laure. Nos Passos de Hannah Arendt. Editora Record: Rio de Janeiro, 2007).

II – Estudo Comentado

              Próximo artigo a ser comentado dentro de UMA postagem: Perspectivas Sobre a Questão Alemã (ARENDT, Hannah. Compreensão e Política e Outros Ensaios 1930-1954. Relógio D'Agua, 2001).

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